Estava um belo dia de bobeira e resolvi fazer aquela brincadeira no meu Instagram, onde você responde perguntas.
Sempre rola muita sacanagem, mas nesse dia foi diferente:
“É possível evoluir no trail sem treinador?”
Li, pensei, refleti… Fiquei algum tempo filosofando internamente sobre essa pergunta. Não achei uma reposta pronta.
Então fui aprofundar o assunto com o autor do questionamento…
A pergunta se referia a performance. E, no caso, seria chegar na colocação geral das provas de trail.
O argumento do autor, foi que ele não via os grandes atletas de trail mundiais com um treinador específico, montando planilhas e etc…
Realmente, está correto. Os mais famosos atletas do trail mundial não tem essa figura especifica (pelo menos, não achei essa informação).

Porém, eles não nasceram nesse patamar, mas sim se desenvolveram atleticamente, até chegar neste nível.
Não acho que são “x-man” ou que “somente” a genética colocou eles ali. Acredito em uma predisposição genética, sim. Porém, com muito trabalho árduo e dedicação envolvidos. Além de uma iniciação e estrutura de esporte precoces.
Alguns exemplos: Kilian atravessava os alpes com 6 anos, com 17 era da seleção de cross country.
Luis Alberto Hernando chegou a ir para as olimpíadas competindo biathlon.
Hayden Hawks corrida cross country na universidade…
Ou seja, eles tiveram uma vida dedicada ao esporte.
Um outro ponto importante… Eles moram em lugares onde o relevo ajuda a desenvolver suas habilidades, a cultura dos locais convida as pessoas para fazer trekkings, hikings, acampamentos, travessias etc.
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Agora voltemos para nossa realidade. Podemos nos comparar a estes atletas?
Na minha opinião, não.
A comparação deve ser feita com nossos pares.
Até onde sei, 90% (não coloquei 100% por que, deve ter alguma exceção que eu não lembre agora) dos grandes atletas brasileiros, tem treinador. Alguns, realmente, não seguiam uma orientação, contudo, passaram a ser treinados e se consolidaram ainda mais no cenário nacional.
E um aspecto importante, nenhum atleta nacional, hoje, vive do trail. Todos trabalham, tem família, rotina etc…
Certo.
Mas vamos para o âmbito regional. Independente de onde for.
Vou falar do Rio Grande do Sul onde tenho mais conhecimento.
A grande maioria dos atletas, tem orientação de um treinador. Existem alguns pontos fora da curva, entretanto, esses pontos tem sido cada vez mais escassos.

O motivo? Atletas tem se preparado e se especializado cada vez mais.
Com a evolução de treinamento, esses atletas têm galgado posições cada vez mais altas nos pódios das competições. Fazendo, assim, atletas procurarem orientação.
É assim que vejo o cenário mundial, nacional e regional… Não existe mágica. Conquistar performance está cada vez mais difícil, cada vez menos “aventureiros” conseguem espaço.
Da mesma forma, é papel dos treinadores se especializarem e estudarem mais a complexidade desse esporte, afim de orientar mais assertivamente seus alunos.