
Juracy garante que nunca deixou a melancia cair no chão (foto: Monique Barleben/ www.webrun.com.br)
O baiano Juracy dos Santos chamou a atenção de centenas de participantes da Corrida Internacional de São Silvestre no último dia 31. Após completar os 15 quilômetros da prova com uma melancia na cabeça, o corredor se sente uma espécie de motivador. Quando algumas pessoas estão quase desistindo da disputa e me olham correndo com esse peso na cabeça percebem que se eu consigo porque elas não podem também, diz o atleta de 44 anos.
Nascido no Quilombo de Parateca, no município de Malhada na Bahia, Juracy conta que na sua terra natal é tradição carregar baldes e outros tipos de materiais na cabeça. Desde pequeno eu já ajudava minha mãe a levar água para casa assim, com potes. O segredo é concentração, alegria, desenvoltura e força, revela Juracy. Eu também sempre olho para os lados, para evitar que alguém esbarre em mim, tanto que nunca deixei cair nada.
Atualmente, o baiano vive em Campinas, local no qual ele decidiu mostrar o talento pela primeira vez, durante a Corrida da Integração, há 20 anos. Eu comecei a correr com pote de cerâmica, pois é mais artesanal. As crianças e os adultos param e não acreditam que estou equilibrando mais de nove quilos na cabeça. Ainda de acordo com o baiano, que já participou sete vezes da São Silvestre, este ano o desafio foi a melancia.
Comprei a fruta na véspera da prova e considerei uma forma de mostrar para mim mesmo que eu sou capaz. Minha mulher acha que sou maluco, mas para meus filhos eu sou motivo de orgulho, diz o homem melancia, que também relata sofrer críticas. Tem gente quem julga minha brincadeira. Fala que quero aparecer, mas eu nem ligo, já passei dessa fase e sei que são pessoas pobres de espírito.
Sobre qual fim o corredor vai dar a melancia, ele não tem dúvidas. Fará parte da ceia de um grande amigo meu. Acho que ele ficará muito feliz em saber o quanto me esforcei na prova para conservar a integridade da melancia e que dediquei a fruta a ele, brinca o corredor.
Este texto foi escrito por: Monique Barleben