“Eu só quero treinar”. Essa é a frase dita por muitas mulheres e também o nome do perfil que tem dado dicas e pautado o assunto tão desagradável, mas muito recorrente na vida das corredoras.
Quem nunca ouviu uma buzina, assovio ou cantada que incomodou no treino? Pois é, nenhuma mulher (infelizmente) está imune a passar por esse tipo de constrangimento, e foi pensando nisso que a professor de biologia e atleta amadora Giseli Trento criou a página no Instagram @soquerotreinar.
“Estava me preparando para uma meia maratona. No longão costumava sair cedo e sozinha, mas durante o trajeto era assediada várias vezes por cantadas, assobios, buzinas e olhares que me incomodavam muito. Comecei a pensar o quanto só queria treinar e precisava fazer algo para combater esse tipo de situação. Em uma conversa com minha cunhada, que também corre, pensamos em falar do assunto”, conta.
O perfil está no ar há dois meses, conta com 7.400 seguidores e tem como objetivo principal servir de alerta para todos que o assédio existe e precisa ser combatido. “Queremos ser um canal para sensibilizar o público masculino a não ter esse tipo de atitude, provocando reflexões”.
Nas publicações também é possível ver relatos de mulheres que já passaram por esse tipo de situação, alertando assim para que outras tenham mais cuidado e atenção. Há também publicações de estratégias e dicas de segurança.
“Cada situação é única e particular, mas os relatos mais comuns são os que vem de motoristas que passam, mas há muitos relatos de olhares maliciosos e intimidadores em academias, na ida, volta, durante treino pelo simples fato de usarmos shorts, top ou legging. Também temos relatos de tentativa de estupro, assalto, homens se masturbando em locais públicos. Situações absurdas”, lembra Giseli.
O caminho para situações como essa é sempre buscar ajuda e evitar o confronto verbal, principalmente se estiver sozinha. No perfil as mulheres podem export relatos se identificando ou não. “O perfil está aí para isso. Muitas mulheres já sofreram assédio nos treinos e ficam com vergonha de contar para marido, namorado ou pais. É preciso ter coragem e falar sobre o assunto. Só assim conseguiremos diminuir as ocorrências”.
É importante ressaltar que nenhum tipo de assédio é aceitável e todas essas situações acontecem pela maldade do agressor e não pela roupa que a mulher está usando.
O perfil tem apoio da marca @MySafeSport, uma empresa que fabrica pulseiras de identificação oferecendo assistência e proteção 24h em situações de emergência. “Temos parceiros que contribuem com cupons de desconto para seguidores, brindes ou inscrições, mas se houver alguma que tenha interesse em apoiar a causa e fazer parceria estamos à disposição”, diz a atleta.
“Quero convidar todos para seguir a página, contribuir, participar e compartilhar a ideia. Juntas pelo bem de todas”.